Dissertação dirigida à juventude gnóstica – México, DF
Desgraçadamente, as pessoas levam uma vida mecanicista. Temos hábitos que repetimos incessantemente. Quando alguém, por algum motivo, sai do seu papel, quando abandona por um instante essa vida mecanicista que leva, quando se afasta, acredita que vai mal e talvez seja quando vai melhor.
É necessário, de vez em quando, sair nem que seja por um momento desse mundo mecanicista em que sempre vivemos para olhar-nos por inteiro de outro ângulo. Isto é tão fácil como sair da cidade e ver da cúspide não só a cidade, mas todos os vales e povoados vizinhos que nos rodeiam.
De vez em quando, ainda que seja por alguns instantes, devemos parar de nos identificar com essa vida mecânica que levamos. Deve-se tratar de ser distinto, de ser diferente; deve-se ser revolucionário, rebelde por natureza e por espírito; deve romper com todas estas normas velhas de nossos antepassados, deve abandonar totalmente os costumes rançosos em que viveram nossos avós.
Quero que a juventude compreenda esta mensagem, que a entenda. Não é possível despertar Consciência enquanto não nos separarmos de todos esses pequenos papéis que estamos acostumados a representar. Não é possível despertar Consciência enquanto não nos afastarmos completamente da vida mecanicista.
Não quero dizer a vocês, jovens, que tenhamos que viver uma vida de anacoretas. Não, não estou dizendo isso! Necessitamos, é óbvio, viver no mundo, mas não nos deixar engolir pelo mundo; ser distintos. Não façam vocês o que os outros fazem, sejam diferentes! Quando se começa a ser rebelde de verdade, inicia-se o processo do despertar.
As pessoas nada sabem sobre a vida superior. O que sabem sobre os mistérios da vida e da morte? Nada! Se colocarmos uma teoria materialista ao lado de uma teoria espiritualista, vemos que ambas são estruturadas com uma lógica plausível e maravilhosa, que o raciocínio dá para tudo. De uma pulga se faz um cavalo e de um cavalo, uma pulga. O mesmo é a razão, a cerebrização, a lógica: dá para tudo, a mesma pode fabricar uma tese de tipo espiritualista ou de tipo materialista.
Dom Immanuel Kant, o filósofo de Königsberg, escreveu seu grande trabalho intitulado Crítica da Razão Pura. Trata essa obra sobre a lógica, a metafísica e a ética. E nela faz plena diferenciação entre o que são os conceitos de conteúdo – elaborados diretamente com essas informações recolhidas pelos cinco sentidos – e o que são os intuitos. Assim, escreveu Dom Immanuel Kant, o grande filósofo, de maneira muito judiciosa sobre a razão, e chega à conclusão de que esta em si nada pode saber da verdade, nem de Deus, nem do que há além da morte, nem do real, etc.
A juventude, pois, não deve continuar engarrafada nesse processo do raciocínio, deve ser eminentemente intuitiva. Antes de tudo, torna-se necessário entender que estamos adormecidos. Mas não se pode despertar enquanto viver completamente falsificado pela vida mecanicista, com os diversos papéis que tem que representar na existência. Há necessidade, repito, de não nos identificarmos mais com esses papéis, de romper com eles por isso de sermos rebeldes, de olhar a vida de outro ângulo.
Se a razão não nos pôde levar à experiência do real, temos que romper com o raciocínio, temos que apelar a alguma outra faculdade se é que queremos conhecer a verdade. O Cristo Cósmico disse: “Conhecei a verdade e esta vos libertará”.
Mas existe alguma outra faculdade que nos permita a experiência da verdade sem o processo doloroso do raciocínio? Sim, existe, meus queridos jovens! Qual é? A “percepção instintiva das verdades cósmicas”. Quero que vocês gravem isto bem nos seus corações. É uma faculdade do Ser. Repito: “percepção instintiva das verdades cósmicas”.
Em um passado arcaico da Terra, todas as criaturas humanas possuíam desenvolvida essa faculdade. Mas conforme o Ego, o eu, o Mim mesmo foi se revigorando, essa faculdade foi também degenerando até que acabou. Só desenvolvendo-a novamente, só regenerando essa preciosa faculdade, podemos chegar à experiência do real na completa ausência do racionalismo subjetivo.
Como despertar essa preciosa faculdade, como regenerá-la, de que maneira? Digo-lhes, jovens: deixando de ser entidades mecânicas, afastando-nos de tantos papéis que realizamos diariamente, sendo rebeldes. Quando se deixa de ser mecânico, é quando se começa a ter consciência de si mesmo. E precisamos nos conhecer a nós mesmos. Só assim deixamos de ser mecânicos.
Os antigos sábios disseram: “Nosce te ipsum” – “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses”. Quando alguém conhece a si mesmo, pode eliminar os elementos inumanos que leva dentro: os preconceitos de raça e de nação; o ódio que leva a tantas guerras; o egoísmo, que de repente se tornará violento; a inveja, que se tornou o fator básico desta vida ultramoderna; o ciúme que desespera; a luxúria que degenera, etc.
Mas antes de tudo, necessitamos autodescobrir-nos, autoconhecer-nos. Só nos autoconhecendo, só nos autodescobrindo sabemos quais são os elementos inumanos que carregamos dentro. Uma vez conhecidos, podemos eliminá-los. Eliminando os erros que levamos, desperta em nós o sentido maravilhoso do Ser, essa faculdade conhecida como “percepção instintiva das verdades cósmicas”. Somente essa faculdade pode nos levar à experiência do real, da verdade, daquilo que sempre foi, é e será.
Desde a infância, vieram nos ensinando muitas coisas absurdas; formaram-nos uma falsa Consciência. Na escola, fizeram-nos aprender de cor muitas teorias que não nos serviram de nada. A família ensinou-nos muitos costumes, adquirimos muitos hábitos, e com tudo isso formamos de verdade uma Consciência falsa, mecânica, que nada sabe do real nem da verdade. O raciocínio subjetivo baseia-se nas percepções dos sentidos externos, e nada mais; não pode, portanto, nos conduzir ao real.
A juventude deve ser revolucionária, acabar com todos os elementos que formam a Consciência falsa, desintegrar o Mim mesmo, o Si mesmo. E isso é possível mediante a eliminação de nossos erros psicológicos, deixando de ser mecânico, aprendendo a pensar por si mesmos, autoindependentizando-nos totalmente.
Quando o tenhamos conseguido, a faculdade preciosa do Ser conhecida como “percepção instintiva das verdades cósmicas” entrará em uma nova atividade. Então conheceremos o real, a verdade, sem o processo doloroso do raciocínio.
Assim, aos jovens convido a serem rebeldes, a serem revolucionários, a revoltarem-se contra a razão subjetiva; a dissolver o Mim mesmo, o Si mesmo, mediante a eliminação dos seus próprios defeitos psicológicos; a entrar por um caminho de inovações e transformações; a não fazer o que os outros fazem, a afastar-se de tantos e tantos papeizinhos já aprendidos de memória, a romper com a vida mecânica; a explorar-se totalmente com o propósito de autoconhecer-se.
Recordemos que a Nova Era de Aquário é revolucionária. Assim, faço um chamado a toda a juventude no sentido de marchar firmemente no caminho da educação fundamental. Isso é tudo.
¡Paz Inverencial!
Samael Aun Weor