1. – D. Mestre, como poderíamos definir a antropologia gnóstica?
M. Bom, é uma antropologia, por oposição, diferente da materialista. Sabemos nós que “anthropos” é “homem”, não? Anthropos, “homem” e “antropologia”, então a “origem ou história do homem”, sim? Mas “gnóstico” significa “gnose”, “conhecimento”. É um conhecimento antropológico mais profundo, que vai até sua raiz gnóstica, até sua raiz sapiente. Busca o homo sapiente através de outro sistema de estudo diferente, que é o gnóstico, precisamente.
É um sistema diferente, e chegamos ao homo sapiente por um caminho muito distinto. Chegamos ao homo sapiente por meio de nossa própria investigação. Não andamos buscando fora, buscamos dentro de nós mesmos, e dentro de nós mesmos encontramos a origem verdadeira do homem. Não fora, mas dentro! Vejamos…
2. – Desde aqueles tempos do Sr. Darwin até Haeckel e, posteriormente, desde Haeckel até nossos dias, surgiram inumeráveis hipóteses e teorias sobre a origem do homem. No entanto precisamos esclarecer de forma enfática que nenhuma de tais suposições pode ser certamente demonstrada. O próprio Haeckel afirma com grande ênfase que nem a geologia nem tampouco essa outra ciência chamada filogenia jamais terão exatidão dentro do terreno da mesmíssima ciência oficial.
Se asseveração desse tipo faz um Haeckel, que poderíamos nós acrescentar a esta questão? Na realidade, isto da origem da vida e da origem do homem não poderia ser, certamente, conhecido enquanto a humanidade não tenha estudado a fundo a antropologia gnóstica.
O que nos dizem os protistas materialistas? O que afirmam eles com tanta arrogância? O que supõem sobre a origem da vida e da psique humana?
Recordemos com inteira claridade meridiana a famosa “monera atômica” de Haeckel no abismo aquoso: complexo átomo que não poderia de modo algum surgir do acaso como o supõe esse bom senhor, ignorante, no fundo, embora louvado por muitíssimos ingleses. Causou grande dano à humanidade com suas famosas teorias.
Acreditam vocês talvez que o átomo do abismo aquoso, a monera atômica, poderia surgir do acaso? Se para construir uma bomba atômica se necessita da inteligência dos cientistas, quão maior talento se necessitaria para a elaboração de um átomo?
Se negássemos os princípios inteligentes à natureza, a mecânica deixaria de existir, por que não é possivel a existência da mecânica sem mecânicos. Se alguém considerasse possível a existência de qualquer máquina sem autor, eu gostaria que o demonstrasse e que pusesse os elementos químicos sobre o tapete do laboratório para que surgisse um rádio, um automóvel ou simplesmente uma célula orgânica.
Acredito que já Dom Alfonso Herrera, o autor da plasmogenia, conseguiu fabricar a célula artificial, mas este sempre foi uma célula morta que jamais teve vida.
O que dizem os protistas? Que a Consciência, o Ser, Alma ou Espírito, ou simplesmente os princípios psíquicos, não são mais que evoluções moleculares do protoplasma através dos séculos.
Obviamente, as “almas moleculares” dos fanáticos protistas não resistiriam jamais a uma análise de fundo. A célula-alma, o “bathybius” gelatinoso do famoso Haeckel – da qual surgiu toda espécie orgânica – está bom como para um Molière e suas caricaturas.
No fundo de toda esta questão e depois de tanta teoria mecanicista, evolucionista, o que se tem é o ímpeto de combater o clero. Se busca sempre algum sistema, alguma teoria que satisfaça a mente e o coração para demolir o Gênesis hebraico. É, precisamente, uma reação contra o bíblico Adão e sua famosa Eva, tirada de uma costela, a origem vivente dos Darwin, dos Haeckel e demais sequazes. Mas deveriam ser sinceros e manifestar sua insatisfação contra todo sistema clerical. Não está bem que, por simples reação, se dê origem a tantas hipóteses desprovidas de qualquer embasamento sério.
O que nos diz Sr. Darwin sobre a questão do macaco Catarrhini? Que, possivelmente, o homem veio de lá. No entanto, não o coloca de forma tão enfática como supõe os materialistas alemães e ingleses. Sr. Darwin, em realidade e de verdade, dentro de seu sistema, pôs certos fundamentos que vêm a desvirtuar e até aniquilar absolutamente a suposta procedência humana do macaco, ainda que este seja o Catarrhini.
Em primeiro lugar, como já demonstrou Huxley, o esqueleto do homem é completamente distinto em sua construção ao esqueleto do macaco. Não duvido que haja certas semelhanças entre o antropoide e o pobre animal intelectual, equivocadamente chamado homem, mas não há exatidão definitiva nesta questão.
O esqueleto do antropoide é trepador, foi feito para trepar; assim indica a elasticidade e construção de seu sistema ósseo. Em contrapartida, o esqueleto humano é feito para caminhar. São duas construções ósseas diferentes. Por outro lado, a elasticidade e também o eixo craniano do antropoide e do ser humano são completamente diferentes. E isto nos deixa pensando muito seriamente.
Por outro lado, meus estimados irmãos, bem se disse com inteira clareza meridiana pelos mesmíssimos antropólogos materialistas que um ser organizado, de modo algum, poderia vir de outro que marchasse ao inverso, ordenado antiteticamente.
Nisto haveria de colocar certo exemplo. Vejamos o homem e o antropoide. O homem, ainda que nestes tempos esteja degenerado, é um ser organizado. Estudemos a vida e costumes do antropoide e veremos que está ordenado de uma forma diferente, contrária, antitética. Não poderia um ser organizado, pois, devir de outro ordenado em forma oposta, e isto o afirmam sempre, muito severamente, as mesmíssimas escolas materialistas.
Qual seria a idade do antropoide? Em que época apareceriam sobre a face da Terra os primeiros símios? Inquestionavelmente, no Mioceno [superior]. Quem poderia negá-lo? Teve que haver aparecido, obviamente, na terceira parte do Mioceno, há cinco ou doze milhões de anos.
Porque haveria de aparecer sobre a face da Terra os antropoides? Poderiam dar uma resposta exata os senhores da antropologia materialista, os brilhantes cientistas modernos, esses que tanto se presumem de sábios? É obvio que não.
Além disso, o Mioceno de modo algum estava localizado dentro da famosa “Pangeia”, tão sonhada pela geologia de tipo materialista. Resulta ostensível que o Mioceno teve seu próprio cenário na antiga terra lemúrica, continente localizado anteriormente no oceano Pacífico. Como restos da Lemúria temos ainda Oceania com a grande Austrália, a ilha de Páscoa – onde estão esculpidos certos monolitos –, etc. Que não o aceite a antropologia materialista por estar engarrafada completamente em sua Pangeia, o que importa à ciência e a nós? Em realidade que não vão descobrir a Lemúria com os testes de carbono-14, ou do potássio-argônio ou do pólen. Todos esses sistemas de testes de tipo materialista são bons para um Molière e suas caricaturas.
Por estes tempos, depois das infinitas hipóteses dos Haeckel, Darwin e Huxley e todos os seus sequazes, segue-se ainda entronizando a teoria da seleção natural das espécies, outorgando-lhe nada menos que o poder de criar novas espécies. Em nome da verdade, temos de dizer que a seleção natural, como poder criador, é simplesmente um jogo de retórica para os ignorantes, algo que não tem embasamentos. Isso de que mediante a seleção se consiga criar novas espécies, isso de que mediante a seleção seletiva tenha surgido o homem, resulta, no fundo, espantosamente ridículo e acusa ignorância levada ao extremo.
Não nego a seleção natural, é óbvio que esta existe, mas não tem o poder de criar novas espécies. Em realidade e de verdade o que existe é a seleção fisiológica, a seleção de estruturas e segregação dos mais aptos, isto é tudo. Mas levar a seleção natural ao grau de convertê-la em um poder criador universal, é o cúmulo dos cúmulos.
A nenhum sábio verdadeiro ocorreria semelhante tolice. Nunca foi visto que, mediante a seleção natural, surja alguma espécie nova. Quando? Em que época? Selecionam-se estruturas, sim, não o negamos. Os mais fortes triunfam nisso da luta pelo pão de cada dia, na batalha incessante de cada instante em que se briga por comer e não ser comido. Obviamente, triunfa o mais forte, que transmite suas características aos seus descendentes: características fisiológicas, características de estruturas. Então, os seletos, os mais aptos segregam-se e transmitem a seus descendentes tais aptidões. Assim é como se deve entender a lei da seleção natural, assim é como se deve compreender.
Uma espécie qualquer, nas selvas profundas da natureza, tem que lutar para engolir e não ser engolida. Obviamente, resulta espantosa tal luta. Como resultado triunfam, como é natural, os mais fortes. No mais forte há estruturas maravilhosas, características importantes que são transmitidas à sua descendência. Mas isso não implica uma mudança de figura, isso não significa nascimento de novas espécies. Jamais nenhum cientista materialista viu que de uma espécie surja outra por lei de seleção natural; não lhes consta, não o palparam nunca. Em que se baseiam? É fácil lançar uma hipótese e logo afirmar de forma dogmática que é a verdade e nada mais que a verdade.
No entanto, por acaso não são eles – os senhores da antropologia materialista – os que dizem que não creem exceto no que vêem, que não aceitam nada que não tenham visto? Que contradição tão terrível: creem em suas hipóteses e nunca as viram!
3. – São inumeráveis as teorias destes tontos cientistas, absurdas afirmações de fatos que eles jamais viram.
Nós, os gnósticos, não aceitamos superstições, e essas são superstições absurdas. Nós somos matemáticos na investigação e exigentes na expressão. Não gostamos de tais fantasias; queremos atos, fatos concretos e definitivos.
4. – Diz o Sr. Darwin que uma espécie que evolui positivamente de modo algum poderia descender de outra que evolui negativamente. Também afirma o Sr. Darwin que duas espécies similares, mas diferentes, podem referir-se a um antecessor comum, mas nunca uma viria de outra.
Assim conforme nós vamos avançando nestas disquisições da antropologia cientifica, obviamente, encontramos certas contradições no materialismo. Como é possivel que ignorem os princípios Darwinistas? Como é possível que, ainda hoje em dia, haja aqueles que pensem que o homem vem do macaco?
Inquestionavelmente, os fatos estão falando por si só. Até agora não se encontrou jamais o famoso elo perdido. Onde está?
Muito se falou sobre a existência do pai de Manu, o Dhyan-Chohan, mas são na realidade milhões as pessoas no mundo oriental e até no ocidental que aceitam o Dhyan-Chohan.
Além disso, é mais logica tal crença que aquele homem-macaco que Haeckel queria que existisse, mas que, em realidade de verdade, não passou de mais que uma simples fantasia de seu autor.
Os tempos vão passando e não foi descoberto nenhum lugar da Terra para o famoso homem-macaco. Onde estará um macaco que pense, que tenha uma linguagem acessível a todo mundo? Qual é?
Inquestionavelmente, esta classe de fantasias literárias não servem, no fundo, absolutamente para nada. Observe, por exemplo, o tamanho dos cérebros. O cérebro de um gorila, em volume, não chega a ser nem sequer um terço do cérebro de qualquer selvagem da Austrália – que bem sabemos que são as criaturas mais primitivas de nosso globo terrestre.
Faltaria um elo que ligasse o gorila mais adiantado com o selvagem mais atrasado da Austrália. Onde está esse elo? O que foi feito? Por acaso existe?
5. – Existe uma grande diferença entre a antropologia meramente profana e a antropologia gnóstica. A antropologia meramente profana, mediante as associações de tipo intelectivo, tira conclusões lógicas que podem não estar de acordo, em realidade de verdade, com os princípios esoteristas de Anáhuac, ou dos toltecas, do Egito, etc. Entretanto a sabedoria gnóstica, a antropologia gnóstica, baseada nas regras precisas e em princípios tradicionais eternos, sabe extrair das pedras arcaicas toda a sapiência esotérica. Assim, devemos diferenciar entre a antropologia gnóstica e a antropologia meramente intelectiva.
6. – Em que se baseia a antropologia gnóstica para afirmar isto? Porque diz isso? Se baseiam não somente em todas as tradições que vêm nos livros sagrados do Egito, do antigo México, dos povos incas, da terra dos maias, da Grécia, da Índia, da Pérsia, do Tibete, etc., mas também nas pesquisas diretas daqueles que conseguiram despertar Consciência.
Aqui, nesta instituição, nós vamos entregar a vocês todos os sistemas necessários para despertar Consciência. E quando vocês despertarem, pesquisem e comprovarão o que estou lhes dizendo por si mesmos, não porque eu o venha a dizer; comprovarão diretamente. Mas despertem, porque assim como estão, adormecidos, poderiam também ser vítimas das teorias aquelas de Haeckel e seus sequazes.