O bom dono de casa

O bom dono de casa

O bom dono de casa 850 480 V.M. Samael Aun Weor

Separar-se dos efeitos desastrosos da vida, nestes tempos tenebrosos, é certamente muito difícil, mas indispensável; de outro modo se é devorado pela vida.

Qualquer trabalho que alguém faça sobre si mesmo, com o propósito de alcançar um desenvolvimento anímico e espiritual, relaciona-se sempre com o isolamento – muito bem entendido – pois, sob a influência da vida tal como sempre a vivemos, não é possível desenvolver outra coisa além da personalidade.

De modo algum tencionamos opor-nos ao desenvolvimento da personalidade; obviamente esta é necessária à existência, mas certamente é algo meramente artificial, não é o verdadeiro, o Real em nós.

Se o pobre mamífero intelectual equivocadamente chamado homem não se isola, mas se identifica com todos os acontecimentos da vida prática e desperdiça suas forças em emoções negativas, em autoconsiderações pessoais e no vão palavreado insubstancial de conversa ambígua, nada edificante, nenhum elemento real pode desenvolver-se nele, exceto o que pertence ao mundo da mecanicidade.

Certamente, quem quiser verdadeiramente lograr em si o desenvolvimento da Essência deve chegar a estar hermeticamente fechado. Isto se refere a algo íntimo estreitamente relacionado com o silêncio.

A frase vem dos tempos antigos, quando se ensinava secretamente uma Doutrina sobre o desenvolvimento interior do homem vinculada com o nome de Hermes.

Se alguém quer que algo cresça em seu interior, é claro que deve evitar o escape de suas energias psíquicas.

Quando alguém tem escapes de energia e não está isolado em sua intimidade, é inquestionável que não poderá conseguir o desenvolvimento de algo real em sua psique.

A vida ordinária, comum e corrente, quer devorar-nos implacavelmente; devemos lutar contra a vida diariamente, devemos aprender a nadar contra a correnteza…

Este trabalho vai contra a vida, trata-se de algo muito diferente do de todos os dias, e que, contudo, devemos praticar de instante a instante. Refiro-me à Revolução da Consciência.

É evidente que, se nossa atitude para com a vida diária é fundamentalmente equivocada, se acreditamos que tudo deve correr bem, ”assim porque sim”, virão os desenganos.

As pessoas querem que as coisas lhes saiam bem, ”assim porque sim”, porque tudo deve ir de acordo com seus planos, mas a crua realidade é diferente; enquanto alguém não mude interiormente, goste ou não goste, será sempre vítima das circunstâncias.

Fala-se e escreve-se sobre a vida muitas estupidezes sentimentais, mas este Tratado de Psicologia Revolucionária é diferente.

Esta doutrina vai ao grão, aos fatos concretos, claros e definitivos; afirma enfaticamente que o “Animal Intelectual”, equivocadamente chamado homem, é um bípede mecânico, inconsciente, adormecido.

O “Bom Dono de Casa” jamais aceitaria a Psicologia Revolucionária; cumpre com todos os seus deveres como pai, esposo, etc., e por isso pensa de si mesmo o melhor. Entretanto, serve apenas aos fins da natureza, e isso é tudo.

Em contraposição, diremos que também existe o “Bom Dono de Casa” que nada contra a correnteza, que não quer deixar-se devorar pela vida; mas sujeitos assim são muitos raros no mundo, nunca abundantes.

Quando alguém pensa de acordo com as idéias deste Tratado de Psicologia Revolucionária, obtém uma visão correta da vida.

Psicologia Revolucionária, capítulo XIX, “O bom dono de casa”
Samael Aun Weor