Peixes: 19 de fevereiro a 20 de março
Chegamos à Noite-Mãe da cosmologia egípcia, o oceano profundo de Peixes, a iniciática escuridão sem limites do Espaço Abstrato Absoluto; o primeiro elemento do abismo onde as ondinas guardam o ouro do Reno ou fogo do pensamento divino e genesíaco.
Peixes está sabiamente simbolizado por dois peixes. O peixe é a soma dos Mistérios de Ísis. O peixe é o símbolo vivente do cristianismo gnóstico primitivo. Os dois peixes de Peixes, enlaçados por um cordão, têm um profundo significado gnóstico. Representam as duas almas dos Elohim Primordiais, submersas nas águas profundas da Noite-Mãe.
Já explicamos em precedentes capítulos que o Íntimo, o Ser, Atman, tem duas almas: uma feminina e outra masculina. Já explicamos que a Alma Espiritual, Buddhi, é feminina. Já dissemos, e voltamos a repetir, que a Alma Humana, Manas Superior, é masculina. O sagrado casal, o divino matrimônio eterno está sempre simbolizado por dois peixes enlaçados por um cordão; este último é o Ser, Atman. O sagrado casal – os dois peixes eternos – trabalha nas águas do abismo quando chega a aurora do Maha-Manvantara. Os dois peixes inefáveis trabalham sob a direção de Atman quando chega a hora da aurora da Criação.
No entanto, é bom recordar que Ísis e Osíris jamais poderiam trabalhar na Grande Obra sem o famoso mercúrio da filosofia secreta. Neste mercúrio sexual encontra-se a chave de todo poder. Um círculo com uma linha vertical atravessada – simbolismo hierático – é a união sacratíssima do eterno feminino com o masculino eterno; a integração dos contrários na Mônada essencial, inefável e divina.
Da Grande Mãe-Espaço surge a Mônada, o Ser. Do Grande Oceano levantam-se os Elohim para trabalhar na aurora do Maha-Manvantara. A água é o elemento feminino de todo o criado de onde provém a mater latina e a letra “M”, terrivelmente divina.
No cristianismo gnóstico é Maria, a mesma Ísis, a Mãe do cosmos, a eterna Mãe-Espaço, as águas profundas do abismo. A palavra “Maria” divide-se em duas sílabas. A primeira é “mar” que nos recorda o oceano profundo de Peixes. A segunda é “ia”, que é uma variante de IO – IIIIIOOOOO –, o nome augusto da Mãe-Espaço, o círculo do nada de onde tudo emana e para onde tudo volta; o uno, o uno único do manifestado universo depois da noite do Grande Pralaya ou aniquilamento.
Separadas as águas superiores das inferiores, fez-se a luz, isto é, surgiu à vida o Verbo animador do cosmos, o Filho, e esta vida tomou como elemento transmissor o Sol, o qual se encontra no centro de nosso sistema solar, como o coração dentro de nosso organismo.
As fecundas vibrações do Sol são realmente o vivo fogo elemental que se condensa no centro de cada planeta, constituindo-se no coração de cada um destes. Toda essa luz, toda essa vida, está representada pelos Sete Espíritos perante o trono, dentro do templo coração de cada um dos sete planetas do sistema solar.
O trabalho de separar as águas das águas corresponde ao sagrado casal. Cada um dos Sete Espíritos perante o trono emanou de si mesmo o sagrado casal de peixes para que trabalhasse na aurora da Criação com o poder de Kriyashakti, o poder da palavra perdida, o poder da vontade e do yoga.
O amor dos amores, a paixão mística do último fogo entre o Eterno Esposo e a Divina Esposa são vitais para separar as águas superiores das águas inferiores. Neste trabalho existe Maithuna transcendental, Kriyashakti, palavra criadora. Ele proporciona o fogo e ela transmuta as águas, separando as superiores das inferiores.
Os dois peixes projetam depois aquele fogo e aquela água superior transmutada sobre as águas do Caos, sobre a matéria cósmica ou material para mundos, sobre os adormecidos gérmens da existência, e brota a vida.
Todo o trabalho se realiza com ajuda da palavra, da vontade e do yoga.
No princípio, o universo é sutil; depois se condensa materialmente, passando por sucessivos períodos de cristalização progressiva. Existem milhões de universos no espaço infinito, entre o seio da Mãe-Espaço. Alguns universos estão saindo do Pralaya, brotando das águas profundas de Peixes; outros estão em plena atividade; outros estão dissolvendo-se entre as águas eternas. Nada poderiam fazer Ísis e Osíris sem o mercúrio sexual. Os dois peixes eternos se amam, adoram-se e vivem sempre criando e voltando novamente a criar.
O peixe é o símbolo mais sagrado do Gnosticismo cristão primitivo. É uma lástima que milhares de estudantes de ocultismo tenham esquecido a “gnose do peixe”.
Em nosso planeta Terra viveram sete sub-raças com corpos físicos e, das sete, a última é a nossa, a única que está fracassada por ter perdido a Gnose. Alguns grupos humanos, pertencentes às outras seis sub-raças, vivem em estado de Jinas na quarta dimensão, já dentro do interior da Terra, já em muitas comarcas e regiões Jinas.
A Idade de Peixes devia ser um fracasso como realmente foi. A causa causarum do fracasso pisciano deve-se a certos elementos tenebrosos que traíram a Gnose e pregaram certas doutrinas agnósticas ou antignósticas, subestimando o peixe, eliminando a religião-sabedoria e afundando a humanidade no materialismo.
Recordemos Lúcio chegando à cidade de Hipátia, hospedando-se depois na casa de Milón, cuja esposa Pánfila é uma perversa feiticeira. Sai então Lúcio para comprar peixe – o icthys /ictius/, símbolo do nascente cristianismo gnóstico, o peixe, pescado, soma dos mistérios de Ísis. Os pescadores, infelizes e com certo desdém aterrador, vendem-lhe por vinte denários o que antes pretendiam vender por cem escudos. Terrível sátira na que está envolvido o maior desprezo para o nascente e já enfatuado cristianismo gnóstico.
O resultado do cristianismo agnóstico ou antignóstico foi a dialética materialista marxista. A reação contra o Gnosticismo foi o materialismo repugnante, sem Deus e sem lei. Pode-se assegurar que a Idade de Peixes fracassou pelo agnosticismo. A traição à Gnose foi o crime mais grave da Idade de Peixes.
Jesus o Cristo e seus doze pescadores iniciaram uma idade que bem poderia ter sido de grandes esplendores. Jesus e seus doze apóstolos gnósticos indicaram o caminho preciso para a Idade de Peixes, o Gnosticismo, a sabedoria do peixe. É lamentável que todos os livros sagrados da santa Gnose tenham sido queimados e que o sagrado símbolo do peixe tenha sido esquecido. Prática.
Durante o signo de Peixes há que vocalizar uma hora diária. Recordemos que no princípio era o Verbo e que o Verbo estava com Deus e que o Verbo era Deus. Nos antigos tempos, as sete vogais da natureza ressoavam em todo o organismo humano desde a cabeça até os pés, e agora é necessário restaurar as sete notas na harpa maravilhosa de nosso organismo para restaurar os poderes perdidos.
A vogal “I” faz vibrar as glândulas pineal e pituitária. Estas duas glandulazinhas da cabeça estão unidas por um canalzinho ou capilar sumamente sutil, já desaparecido nos cadáveres. A pineal encontra-se na parte superior do cérebro e a pituitária no plexo cavernoso entre as duas sobrancelhas. Cada uma destas duas glandulazinhas tem sua aura vital, e quando as duas auras se misturam, desenvolve-se o sentido espacial e vemos o ultra de todas as coisas.
A vogal “E” faz vibrar a glândula tireoide que secreta o iodo biológico. Esta glândula encontra-se na garganta e nela reside o chacra do ouvido mágico.
A vogal “O” faz vibrar o chacra do coração, centro da intuição e todo tipo de poderes para sair em astral, estado Jinas, etc.
A vogal “U” faz vibrar o plexo solar, situado na região do umbigo. Este plexo solar é o centro telepático e o cérebro emocional.
A vogal “A” faz vibrar os chacras pulmonares que nos permitem recordar nossas passadas vidas.
A vogal “M”, tida profundamente por consonante, vocaliza-se com os lábios fechados, sem abrir a boca; o som que sai então é o “M”. A vogal “M” faz vibrar o Ens-Seminis, as águas da vida, o mercúrio da filosofia secreta.
A vogal “S” é um silvo doce e aprazível que faz vibrar o fogo dentro de nós.
Sentados numa cômoda poltrona há que vocalizar I E O U A M S, levando o som de cada uma destas sete vogais da cabeça aos pés. É necessário inalar, exalando logo o ar junto com o som vocálico bem prolongado até esgotar a exalação. Há que fazer esta prática diariamente para desenvolver os eternos poderes mágicos.
Peixes está governado por Netuno, o planeta do ocultismo prático, e por Júpiter Tonante, o Pai dos Deuses. O metal de Peixes é o estanho de Júpiter. Pedras, a ametista e os corais. Peixes governa os pés.
Os nativos de Peixes, normalmente, têm duas esposas, vários filhos. São de natureza dual e têm disposição para duas profissões ou ofícios. Os nativos de Peixes são muito difíceis de compreender, vivem como o peixe em tudo, mas separados de tudo pelo elemento líquido. Adaptam-se a tudo, mas no fundo desprezam todas as coisas do mundo. São refinadamente sensitivos, intuitivos, profundos e as pessoas não podem compreendê-los.
Os nativos de Peixes têm grande disposição para o ocultismo, como Peixes está governado por Netuno, o planeta do esoterismo.
As mulheres de peixes são muito nervosas, sensitivas, como uma delicadíssima flor; intuitivas, impressionáveis. Os piscianos têm bons sentimentos sociais, alegres, pacíficos, hospitaleiros por natureza.
O perigo dos piscianos é o de cair na preguiça, negligência, passividade e indiferença pela vida. Os piscianos podem chegar até a falta de responsabilidade moral. A mente dos piscianos oscila entre compreensão rápida ou fatal preguiça e desprezo pelas coisas mais necessárias para a vida. São dois extremos, e tão logo caem num extremo como no outro.
A vontade dos piscianos, às vezes, é forte, mas instável em outras ocasiões. Quando os piscianos caem na indiferença e passividade extrema, deixam-se levar pela corrente do rio da vida; mas quando já veem a gravidade de sua conduta, põem em jogo sua vontade de aço e então mudam radicalmente todo o curso de sua existência.
Os piscianos de tipo superior são gnósticos cem por cento, possuem uma vontade de aço inquebrantável e um elevadíssimo sentido de responsabilidade moral. O tipo superior de Peixes dá grandes Iluminados, Mestres, Avataras, Reis, Iniciados, etc.
O tipo inferior de Peixes tem uma marcada tendência à luxúria, alcoolismo, glutonaria, preguiça, orgulho.
Os piscianos gostam das viagens, mas nem todos podem viajar.
Os piscianos têm uma grande imaginação e uma tremenda sensibilidade.
É muito difícil compreender os piscianos. Só os piscianos podem compreender os piscianos. Tudo aquilo que para uma pessoa comum e corrente tem grande importância, para os piscianos não vale nada. Mas é diplomático, adapta-se às pessoas, aparenta que está de acordo com elas.
O mais grave para os nativos de Peixes é ter que definir-se na questão conjugal, pois, quase sempre, dois amores básicos fundamentais os metem num beco sem saída.
O tipo superior de Peixes já transcende estas debilidades e é casto de forma absoluta. Normalmente, os piscianos costumam sofrer muito com a família em seus primeiros anos. É difícil encontrar um pisciano que tenha sido feliz com a família durante seus primeiros anos.
O tipo muito inferior das mulheres de Peixes cai na prostituição e no alcoolismo.
O tipo superior das mulheres de Peixes nunca cai assim; é como uma flor muito delicada, como uma bela flor de lótus.
Tratado Esotérico de Astrología Hermética
Samael Aun Weor