Deterivs formido, Temo o pior, Nucleus emblematum selectissimorum

“Deterivs formido” (Temo o pior)

“Deterivs formido” (Temo o pior) 850 480 V.M. Kwen Khan Khu

Muito amados leitores e leitoras:

Faço chegar, nesta oportunidade, o octogésimo quarto emblema do livro Nucleus emblematum selectissimorum, “o núcleo dos emblemas mais selecionados”, com os textos em latim e francês antigo e uma possível tradução.

O título do emblema é:

…DETERIVS FORMIDO
─ “Temo o pior” ─

Nossa Essência permanece enjaulada na prisão do intelecto

Vejamos a frase em latim:

"Carcere clausa meo, FORMIDO vulturis vngues,
Duplex poena premit me, satis vna foret".

Tradução: “Fechada em minha prisão, temo as garras do abutre, uma dupla pena me oprime, uma já seria suficiente”.

Deve-se notar que o sujeito tem que ser do gênero feminino, porque diz clausa, que significa “fechada”. Imaginamos que se refere à palavra avis – ave – que é feminina tanto em latim como em espanhol. No entanto, já veremos que guarda outro sentido mais conforme com o emblema.

Palavras em francês antigo:

“Helas! Ce n’est asses, que cette pauvre vie,
soit a tant de malheurs sans repos asservie:
Mais pour combler nos maux, une rongeante peur
d’un plus grand desastre nous martèle le cœur.”

“Ai! Não basta que esta pobre vida esteja condenada a tantas desgraças sem descanso: mas, para preencher nossas penas, um medo persistente de um desastre maior martela nosso coração.”

O que tudo isso significa, caros/as leitores/as?

O centro de nosso emblema é marcado por um pássaro, simbolizando nossa alma, nossa Essência, que permanece enjaulada na prisão do intelecto.

Certamente, amigos/as, o V.M. Samael e a Gnose nos enfatizam cruamente que nossa mente, em nosso estado atual, está sem dúvida alguma engarrafada, e isso já é um sofrimento, uma desgraça que nos persegue com veemência até que consigamos apaziguá-la e transformá-la através da MEDITAÇÃO e do trabalho alquímico na Forja de Vulcano – leia: Tantra sexual.

Em uma de suas narrações extraordinárias, nosso Patriarca nos descreve os terríveis padecimentos que atravessou quando teve que enfrentar o quinto Trabalho de Hércules – que faz parte do Caminho Secreto ou Hermético que precisamos viver, ou seja, experimentá-lo no caminho da autorrealização. Em tal descrição ele nos comenta que, depois do combate contra as aves antropófagas, teve um encontro com os Senhores do Karma e nesse encontro foram-lhe feitas certas recriminações, às quais ele respondeu de maneira um pouco rebelde. Os Arcontes do Destino responderam condenando-o a sete dias de prisão.

O Mestre acreditava, no princípio, que seria enviado para uma masmorra terrena, mas essa condenação foi ainda pior, pois ele voltou a ser trancado no CALABOUÇO DA MENTE, e isso para um Mestre que já está buscando sua libertação é mais amargo do que fel. Sete dias de angústia, de tortura mental! Que fazia tempo que o V.M. Samael não tinha experimentado porque seu corpo mental já estava bastante aperfeiçoado. Esse fato o levou a “exclamar várias vezes o mantra ‘Ai! ai! ai, ai!'” nos disse naquela narração….

Isso nos dá uma ideia de como é necessário não apenas abandonar nosso estado MENTALOIDE cheio das contradições do EU, mas também purificá-lo e preenchê-lo de PAZ através da MEDITAÇÃO. Esta técnica nos mantém unidos aos pensamentos e sentimentos do SER.

Inquestionavelmente, a MENTE ENGARRAFADA gosta de MARTELAR nossa psique através de memórias e contradições permanentes. Por isso dizemos na Gnose que a MENTE É O TRONO DE SATÃ, o TRONO DO DEMÔNIO. Isso é preciso entender e compreender muito, muito, muito profundamente para entrar, de uma vez por todas, no universo das maravilhas do Pai!

A mente, queridos/as leitores/as, NUNCA É BOA CONSELHEIRA, nem para as coisas materiais e muito menos para as coisas espirituais. Temos que nos afastar definitivamente da IDENTIFICAÇÃO com os pensamentos mecânicos que diariamente tentam nos fazer seus prisioneiros e, finalmente, só servem para aprisionar-nos na CAVERNA das contradições. Os abutres da mente aparecem e desaparecem quando menos esperamos, e por isso DEVEMOS PERMANECER EM CONSTANTE AUTO-OBSERVAÇÃO do que PENSAMOS, SENTIMOS E FAZEMOS…

Entrego agora algumas frases para sua reflexão:

“Nos curamos de um sofrimento quando o sentimos plenamente.”
Marcel Proust

“É um grande mal não poder sofrer, é necessário sofrer para sofrer menos.”
Anacarsis

“Se a dor é grave, não durará muito; se dura muito, é porque é leve.”
Cicerón

“Quem teme sofrer já sofre o que teme.”
Montaigne

“Sofre as adversidades para que te moderes nas felicidades.”
Proverbio castellano

SAPIENTI SAT.
─”Para o sábio é suficiente”─

KWEN KHAN KHU