Muito queridos/as leitores/as:
Contenta-me fazer-lhes partícipes da investigação que merece a presente gravura, a qual tem por título…
…ESQUEMA DA KABALA CRISTÃ
Antes de nada, é bom que saibam que se trata de uma das quatro lâminas ilustradas do Amphitheatrum sapientia aeternae, ‘Anfiteatro da ciência eterna’, um inusual livro sobre Alquimia, impregnado de Cristianismo e magia, escrito pelo médico, filósofo hermético e alquimista alemão Heinrich Khunrath ─1560-1605─. Ele escreveu o volume e dirigiu um gravador em sua ilustração, muito provavelmente um dos conhecidos impressores holandeses Peter Van der Doort ou Hans Vredeman de Vries. A primeira edição dessa obra foi publicada em Hamburgo em 1595. Tem várias edições mais, póstumas, algumas com lâminas adicionais.
O Sapientiae amphitheatrum inspirou as Bodas alquímicas de Christian Rosencreutz, publicada em 1616, e na realidade tudo sugere que autores como Jakob Böhme e Heinrich Khunrath constituem dois dos pilares sobre os quais se desenvolveu o movimento Rosa-cruz do século XVII.
As quatro gravuras da primeira edição foram nomeadas assim:
- O grande andrógino hermético.
- O laboratório de Khunrath.
- O Adão-Eva dentro do triângulo do verbo.
- Esquema cabalístico cristão ou A Rosa Cósmica.
O desenho tem uma borda circular exterior onde aparecem várias palavras em latim e hebraico.
Depois, na parte superior, a tetrakys ─triângulo─ com o Tetragrammaton ─a representação escrita do nome divino em hebraico─. O círculo exterior com os dez mandamentos, as 22 letras do alfabeto hebraico e as palavras em latim DILIGES DOMINVM DEVM TVVM EX TOTO CORDE TVO ET EX TOTA ANIMA TVA ET EX OMNIBVS VIRIBVS TVIS ET EX OMNI MENTE TVA ET PROXIMVM TVVM SICVT TEIPSVM, ‘Amarás o Senhor teu Deus com todo teu coração, com toda tua alma, com todas tuas forças e com toda tua mente, e a teu próximo como a ti mesmo’. Também aparecem os Dez Sephiroth, as dez emanações de Deus através das quais se criou o mundo.
No círculo ígneo aparece Jesus Cristo crucificado no centro e a frase IN HOC SIGNO VINCES, ‘nesse signo ─a cruz─ vencerás’. A seus pés, o faisão vermelho.
As palavras que estão escritas na borda exterior do desenho:
«QVI ERAT; QVI EST; QVI ERIT; PLENI SUNT CELI, PLENA EST OMNIS TERRA, MAIESTATE GLORIAE EIVS: הללויה, הללויה, הללויה».
‘Aquele que era; aquele que é; aquele que será; os céus estão cheios, toda a terra está cheia, de sua majestade e glória. Aleluia, aleluia, aleluia’.
«LAVAMINI MUNDI ESTOTE».
‘Sejamos lavados ─purificados─ desde a pulcritude’.
«VNVM OMNIUM EFFECTOREM; CETERAS POTESTATES, MINISTRAS HABETOTE».
‘Tenham um único ofício e o resto das ocupações no serviço divino ─ser servente de Deus, saber-se instrumento divino─’.
«AD PRIMUM VOTA PRAECESQ AD INFERIORES HYMNI SUNTO».
‘Votem por um predecessor desde o princípio e façam hinos ─alabanças─ aos pobres necessitados’.
«QUOD, SI FORTE, PETITIO, AD INFERIORES, PROCESSERIT, NISI SUB MODO DELEGATAE, a PRIMO, ADMINISTRATIONIS INTENTIO NON ESTO».
‘Avançará desde as maiores pobrezas quem faça uma forte súplica, e não quem, de forma demandante, se aproxime através de seu cargo’.
Essa gravura, companheiros e companheiras do caminho, mostra-nos claramente que tudo está devidamente planificado pelo santíssimo THEOMEGALOGOS desde o início da criação. Essa é a razão pela qual nos mostra em latim e hebraico, mediantes lindas frases, a arquitetura cósmica que, desde tempos remotos, comentou-se com aqueles discípulos interessados verdadeiramente em conhecer a anatomia do divino.
Começamos nossa descrição dirigindo nosso olhar para o triângulo localizado na parte superior e que não é outra coisa do que o assinalamento das TRÊS FORÇAS PRIMÁRIAS DA CRIAÇÃO, isto é: O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO. Tudo nasce delas e sem o auxílio dessas TRÊS FORÇAS PRIMORDIAIS nada se cria, nada se cristaliza.
Inquestionavelmente, as palavras que vão ao exterior do desenho: QVI ERAT, QVI EST, QVI ERIT, falam-nos daquilo que FOI, QUE É E QUE SEMPRE SERÁ, em outras palavras: O SER. Obviamente, a criação está toda cheia de sua força e sua glória.
As alabanças «Aleluia, aleluia, aleluia» estão profundamente justificadas, pois todos somos o resultado de sua ação divina.
LAVAMINI MUNDI ESTOTE faz-nos ênfase na necessidade de ser purificados desde a pulcritude, ou seja, desde o abandono da horrível FORNICAÇÃO.
VNVM OMNIUM EFFECTOREM; CETERAS POTESTATES, MINISTRAS HABETOTE: Certamente necessitamos dedicar-nos somente à procura do SER, dedicar nossa vida a esse único ofício. Necessitamos sentir-nos instrumento divino, servidores da divindade. ISSO É URGENTE.
AD PRIMUM VOTA PRAECESQ AD INFERIORES HYMNI SUNTO: Necessitamos com urgência um predecessor, um Salvador íntimo, e a esse predecessor devemos cantar alabanças com bons pensamentos, palavras e obras. Maiormente, ajudemos a quem precisa de um apoio neste vale de lágrimas que gnosticamente chamamos de SAMSARA.
QUOD, SI FORTE, PETITIO, AD INFERIORES, PROCESSERIT, NISI SUB MODO DELEGATAE, a PRIMO, ADMINISTRATIONIS INTENTIO NON ESTO: Para nos aproximar ao SER necessitamos não ser ricos no EGO e sim ricos na ALMA, e somente aqueles que não sejam orgulhosos, pedantes e insolentes poderão, certamente, ter acesso ao reino dos céus.
O círculo ígneo mostra-nos o CRISTO ÍNTIMO como a recompensa da nossa busca.
O fato de ver o Cristo pousado sobre um FAISÃO é porque na Alquimia, na ciência das transmutações, esse animal, com sua vistosa coloração e seu canto, alegoriza diretamente ao Senhor de Perfeições. Assim, o Cristo, no centro desse círculo ígneo, é para nos indicar que Ele é o sustentador de toda a criação mediante seu INRI perpétuo: IGNIS NATURA RENOVATUR INTEGRA, ‘O fogo renova incesantemente toda a natureza’.
Sem lugar a dúvidas que, para nos aplicar a esses assuntos, PRECISAMOS DEMONSTRAR COM FATOS CLAROS E CONCISOS QUE AMAMOS AO SER SOBRE TODAS AS COISAS ─entenda-se aqui família, filhos, posição social, riquezas, tradições, etc., etc., etc.─.
Resulta interessante saber que justamente Athanasius Kircher foi um monge jesuíta em seu tempo, e isso nos lembra as palavras de nosso Avatara de Aquário, V.M. Samael Aun Weor, quando expressou: «Durante a Idade Média, muitos monges, nas escondidas, dedicaram-se ao estudo da Kabala e da Alquimia, e em segredo realizavam suas práticas alquímicas ao amparo do próprio catolicismo que considerava essas cosas como demoníacas…».
Entrego-lhes agora estas frases para refletirem:
«O amor assemelha-se a uma árvore: inclina-se por seu próprio peso, arraiga profundamente em todo nosso Ser e às vezes segue reverdecendo nas ruínas de um coração».
Vítor Hugo
«O amor é um poema absolutamente pessoal».
Balzac
«O amor é o mais benigno e o melhor dos moralistas».
Bacon
«O amor é o grande refúgio do homem contra a solidão, a imensa solidão que lhe impôs a natureza, a espécie, as leis eternas».
Henri Bataille
«O amor vive mais do que dá do que recebe».
Conceição Arenal
«O amor é a compensação da morte».
Schopenhauer
OMNIUM CONSENSU.
‘Com o consenso de todos'.
KWEN KHAN KHU