Queridos amidos e amigas leitores:
Hoje compartilho com vocês uma bela gravura que aparece em um livro chamado Encomium musices — leia-se: “Elogio Musical”. Consiste em 16 gravuras publicadas por volta de 1600 em Antuérpia, Bélgica, e representa um elogio ao Verbo Criador por meio de imagens que ilustram eventos bíblicos. Na parte inferior de cada gravura, encontra-se uma citação bíblica parafraseada em hexâmetros latinos.
O título completo do livro que contém estas gravuras é Encomium musices quod ex sacris litteris concinnobat Philip Gallaeus. Iconibus exprimebat pictor celeberrimus lo Stradanas versibus illustrabat doctissimus lo Bochius, urbi Antverp.
Tradução: “O Elogio musical que compôs Felipe Gallaeus a partir das letras sagradas; o famoso pintor o expressou em ícones; o mais erudito Bochius o explicou em versos, na cidade de Antuérpia”.
Envio agora a primeira gravura intitulada…
…CRIAÇÃO, JÓ, 38
Exponho agora o texto em latim que acompanha esta gravura:
Quid, mortalis, eras, et ubi, quum maxima terrae Fundamenta Deus posui? Coecumque resolvit Materies quum prima Chaos, cum machina formis Est distincta suis? quum laudibus omnia nostris Sidera, coelicolumque chorus miratus inhaesit, iubilaque aligeri cecinerunt laeta ministri? Iob cap. 38.
Tradução:
“O que eras tu, mortal, e onde estavas quando Deus lançou os maiores alicerces da Terra? Junto com isso, Ele libertou a matéria do primeiro Caos, na forma de máquinas.A tua é diferente? Ó tu que louvas todo o nosso céu noturno, no qual os coros maravilhados dos habitantes do céu — Deuses e Deusas — participam profundamente/intimamente. Cantaram os ministros felizes canções de júbilo?”
Feita a tradução de nossa frase latina, vamos agora à descrição de tudo o que envolve nossa gravura.
Primeiramente devo dizer que esta obra artística nos remete ao início da criação, ou, dito de outra forma, ao início do nosso atual Maha-Manvantara. A frase latina expõe claramente quando nos fala do primeiro caos. Nosso Patriarca Samael nos explica em muitas de suas conferências que, certamente, o Gênesis nunca deve ser interpretado literalmente, como fazem muitos teólogos arrogantes e pseudo-sábios.
E, também, nosso Avatara sempre chamou as formas dadas à criação pelo Theomegalogos de “maquininhas receptoras e transmissoras de energias do Cosmos que depois são retransmitidas às camadas anteriores dos mundos”. Isso é muito bem explicado em uma das conferências de nosso Guru intitulado “O ARCHÉ”. Nela, o verbo de nosso Cristo de Aquário nos ressalta o fato de que daquele caos ou nebulosa alquímica foram brotando todas as formas que hoje podemos ver, tocar, palpar e sentir como parte deste palco cósmico.
Nessa mesma dissertação nosso Mestre nos diz que, na aurora da criação, os Elohim, leiam-se hierarquias divinas ou angélicas, Logos, etc., se polarizaram desdobrando de si mesmos duas polaridades: uma masculina e outra feminina. Uma vez já polarizados, então, por ordem do santíssimo Theomegalogos, realizaram um ato de Magia Sexual puríssima, e com o auxílio de suas gargantas e a lembrança dos passados Maha-Manvantaras cantaram as palavras de poder, leia-se: mantras , que foram dando forma às várias dimensões do espaço sideral com tudo o que iria preenchê-los.
A obra do GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO sempre foi grandiosa, mesmo quando ele teve que realizar a criação dos MUNDOS CÁRMICOS como a Terra.
Observe que em nossa gravura há vários Coros Angélicos, todos, de uma forma ou de outra, tocando instrumentos musicais alusivos ao poder do SOM UNIVERSAL, o verbo criador .
Nós vemos como três categorias de hierarquias divinas. Uma muito evidente, que está na parte central da gravura e à qual é fácil percebê-la com seus instrumentos musicais. No fundo vemos outra categoria, ainda mais elevada, constituída por crianças que estão perto das sílabas sagradas Yod-He-Vav-He – JEOVÁ -, escritas na língua hebraica. Essas crianças parecem estar realizando uma corrente mística em torno do nome sagrado de Deus.
Na parte inferior, percebemos outros Coros Angélicos, e isso nos indica claramente que em cada esfera do nosso espaço – superior, intermediária ou inferior – as notas sagradas que sustentam o universo firme em sua marcha estão sempre presentes.
Quando observamos profundamente a ilustração de nosso tema, é fácil perceber que, certamente, os céus, os firmamentos, etc., etc., etc., são criados e sustentados pela CORRENTE DO SOM UNIVERSAL. Esta é a música das esferas de que tanto se fala no YOGA, experimentada durante um MAHA-SAMADHI, e todo devoto sincero e ávido por aniquilar o EGO ANIMAL, pode chegar a perceber tais sinfonias celestiais.
Apresento agora algumas palavras transcendentais do nosso venerável Avatara SAMAEL, vejamos:
“O universo inteiro é a encarnação do Verbo. Esse Verbo é a substância cristônica do Logos Solar.
Nos tempos antigos, o homem falava a língua solar divina, e todas as criaturas da terra, da água, do ar e do fogo se ajoelhavam diante do homem e lhe obedeciam.
Mas quando o homem comeu o fruto proibido, esqueceu a língua dos Filhos do Fogo e ergueu a Torre de Babel. Essa torre simboliza todas as gramáticas do mundo. Então, os homens ficaram confusos com tantas línguas.
Antigamente, só se falava a língua do Éden, e foi com esse Verbo sagrado que os Filhos do Fogo criaram todas as coisas.
E o Verbo veio ao mundo, e o penduraram num madeiro nos majestosos cumes do Calvário. Ele veio para os seus, mas os seus não o conheceram.
O Verbo é a luz que ilumina todo homem que vem ao mundo. (…)
Sua mente brilha com o Fogo Sagrado, oh, Arhat!
Sua mente flameja entre as chamas ondulantes do espaço. (…)
As chamas do espaço sibilam ardentemente através da rosa flamejante da sua garganta. (…)
A chama ardente do entendimento cósmico, falando o Verbo da Luz, é terrivelmente divina.
Sua mente agora é uma fogueira ardente, oh, Arhat! (…)
Lembre-se, meu filho, que todas as coisas no universo são apenas granulações de Fohat. (…)
Ouça-me, oh, Arhat! , as chamas do universo falam agora através de sua laringe criadora desencadeando tempestades sobre as multidões. (…)
A força sexual do Éden floresceu agora em seus lábios fecundos feito verbo.”
─ Extratos da obra Rosa ígnea, do V.M. Samael Aun Weor. ─
“JÓ, capítulo 38.
Jehová convence Jó de sua ignorância.
1 Então Jehová respondeu a Jó do meio do redemoinho e disse:
2 Quem é aquele que obscurece o conselho com palavras sem sabedoria?
Agora, prepare as tuas costas como um homem; eu te perguntarei, e tu me responderás.
4 Onde tu estavas quando eu fundava a terra? Diga-me, se tem inteligência.
5 Quem ordenou as suas medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela cordel?
6 Sobre o que estão construídos suas bases? Ou quem lançou a sua pedra angular,
7 Quando louvavam todas as estrelas do alvorecer, e se regozijavam todos os filhos de Deus?
8 Quem fechou com portas o mar, quando se derramava saindo do seu seio,
9 Quando eu coloquei nuvens como sua veste, e por sua faixa de escuridão,
10 E eu estabeleci sobre ele o meu decreto, coloquei portas e fechaduras,
11 E disse: Até aqui chegarás, e não irás mais longe; aqui cessará o orgulho das tuas ondas?
12 Mandaste à manhã nos teus dias? Mostraste ao amanhecer o seu lugar,
13 Para ocupar os fins da terra, e que os ímpios sejam sacudidos dela?
14 Ela muda depois de aparência como barro sob o selo, e vem para estar com vestidura;
15 Mas a luz dos ímpios é tirada deles, e o braço exaltado é quebrado.
16 Entraste tu até às fontes do mar, e andaste sondando o abismo?
17 As portas da morte foram-te reveladas, e viste as portas da sombra da morte?
18 Você já considerou até as larguras da terra?
Declare se você sabe tudo isso.19 Por onde vai o caminho para a sala da luz, e onde está o lugar das trevas,
20 Para que as conduzas aos seus limites, e entendas os caminhos da sua casa?
21 Tu sabes! Pois então já nasceste, e o número dos teus dias é grande.
22 Entraste tu nos tesouros da neve, ou viste os tesouros do granizo,
23 Que tenho reservado para o tempo de angústia, para o dia da guerra e da batalha?
24 Por qual caminho se divide a luz, e o vento leste se espalha pela terra?
25 Quem estabeleceu um canal para o dilúvio e um caminho para o relâmpago e o trovão?26 Fazendo chover sobre a terra desabitada, sobre o deserto, onde não há homem,
27 Para saciar a terra seca e árida e fazer crescer a erva tenra?
28 A chuva tem pai? Ou quem gerou as gotas de orvalho?
29 De que ventre saiu o gelo? E a geada do céu, quem a gerou?
30 As águas endurecem como pedras, e a face do abismo congela.
31 Poderás tu amarrar os laços das Plêiades, ou desatar as cordas de Órion?
32 Tirarás tu as constelações do céu em seu devido tempo, ou guiará a Ursa Maior com seus filhos?
33 Conheces tu os decretos dos céus? Poderás tu dominar seu poder na terra?
34 Elevarás a tua voz até às nuvens, para que uma multidão de águas te cubra?
35 Enviarás tu os relâmpagos, para que eles vão? E eles te dirão: Estamos aqui?
36 Quem colocou a sabedoria no coração? Ou quem deu ao espírito inteligência?
37 Quem colocou os céus por conta, com sabedoria? E os odres dos céus, quem os faz inclinar,
38 Quando a poeira se tornou dura, e os torrões se uniram uns com os outros?
39 Caçarás tu a presa para o leão? Saciarás a fome dos leõezinhos,
40 Quando estão deitados nas cavernas, ou estão em suas covas para espreitar?
41 Quem prepara ao corvo o seu alimento, quando os seus filhotes clamam a Deus e andam errantes por falta de comida.”
Os títulos das 16 gravuras:
- Criação, Jó 38.
- O cântico de Mirjam, Éxodo 15.
- Saul entre os profetas, 1 Sam. 10.
- Davi tocando diante de Saul, 1 Sam. 16.
- O triunfo de Davi sobre Golias, 1 Sam. XCIII.
- Davi dançando diante do tabernáculo, 2 Sam. 6.
- Salomão leva o tabernáculo para o templo, 2 Crón. 5.
- Elias e os reis, 2 Reis 3.
- Sacrifício do Rei Asa, 2 Crônicas 15.
- Coroação do Rei Joás, 2 Crônicas 23.
- Inauguração dos muros de Jerusalém por Nehemías, Neh. 12.
- O Triunfo de Judite, Judite ─ Apócrifos ─ 15.
- Rededicação do templo por Simão Macabeu, 1 Macabeu ─ Apócrifos ─ 13.
- Anunciação, Lucas 2.
- Santa Missa.
- A glória do Cordeiro, Ap. 5.
Outros textos em latim:
Ioan. Stadan. Invent: “Foi inventado por Jan van der Straet ou Stradanus”, um pintor flamengo, 1523-1605.
Adrian. Collaert. Sculp: “Foi desenhado por Adriaen Collaert”, desenhista e gravador flamengo, 1560-1618.
Phls Galle. Excud: “Foi gravado por Philip Galle”, gravador flamengo, 1537-1612.
Acrescento agora algumas frases para reflexão:
“O espírito do homem suporta sua enfermidade, mas o espírito abatido, quem o sustentará?”.
Bíblia: Provérbios
“O espírito humano avança continuamente, mas sempre em espiral.”
Goethe
“O espírito é forte, mas a carne é fraca.”
Evangelho de São Marcos
“O coração e o espírito são os dois pratos de uma balança. Mergulhe o espírito no estudo e seu coração se elevará ao céu.”
Victor Hugo
“A força do espírito embebe em si e arrebata as forças da alma.”
Frei Luís de Granada
AGNOSCO VETERIS VESTIGIA FLAMMAE.
─ “Reconheço os vestígios da antiga chama” ─ .
KWEN KHAN KHU
