Queridos amigos e amigas leitores:
Faço chegar a vocês esta gravura que leva por título…
…TRÊS COISAS QUE INCLINAM DEUS À MISERICÓRDIA
Esta gravura foi feita pelo editor e gravador flamenco Théodore Galle 1571-1633 e aparece no livro Veridicus cristianus ─ “verdadeiro cristão” ─, escrito e publicado pelo jesuíta Jan David, 1545-1613.
Descrição:
No centro um homem rezando, ORATIO ─ “Oração”- A ─, é sustentado por um ancião, à esquerda, IEIUNIUM ─”Jejum”- B ─ , e à direita por uma mulher ELEEMOSINA ─ “Esmola” – C. Acima o coração humano ─ D ─ levado até Deus pelas asas .
Ao pé da gravura há um texto em latim, francês e holandês. Na parte superior, entre as nuvens, vê-se a imagem do Criador.
Palavras em latim:
Tria, Devm ad Misericordiam Flectentia.
Quid superum pacem aetherea cito deucat Arce?
Dextera larga inopi: Ieiuna: Vota precantum.
Tradução: “Três coisas que fazem inclinar Deus à misericórdia. O que de superior faz descer rapidamente a paz da altura etérea? Uma (mão) direita liberal com o pobre, jejuns, votos de oração.”
Palavras em francês:
Qu'est ce qui plus presse, Le Seigneur, quil laisse, sa iuste fureur?
La priere bonne, le Ieune, et l´Aumonne, Faits d´un tendre coeur.
Tradução: “Que obras fazem Deus parar mais rapidamente sua justa ira?
A boa oração, o jejum e a esmola, feitos com coração terno.”
Conclusão:
Esta gravura nos faz refletir sobre as necessidades anímicas que devemos exercitar. A Gnose enfatiza os PAECIMENTOS VOLUNTÁRIOS e os SACRIFÍCIOS CONSCIENTES como ferramentas para alimentar nossos anelos e, consequentemente, nos aproximar do Pai para recebermos Sua misericórdia.
Sem dúvida, paciente leitor, os JEJUNS são uma forma de sacrificar nossos hábitos alimentares, e oferecemos esse sacrifício como prova para demonstrar ao nosso SER que somos capazes de deixar tudo por amor ao Seu reino.
É evidente que nossas orações e práticas doutrinárias atraem para nós as forças divinas que vão movendo nossa consciência, tirando-a de seu torpor, e com isso não estamos sujeitos às circunstâncias determinadas pelo nosso destino.
Por outro lado, o exercício de nossa caridade para com o próximo ― esmolas ― vai nos abrindo portas diante da GRANDE LEI de tal maneira que os karmas que nos impediriam de seguir adiante em nosso caminho hermético vão sendo eliminados. Desta forma muitos obstáculos e impedimentos que aparecerem em nosso caminho já não serão mais as sombras sinistras que nublam nossos anelos.
Em nossa gravura, vemos um livro aberto próximo à mulher. Este é o livro do nosso destino. Este livro tem uma página aberta para nos salientar de não permanecermos passivos, esperando que as flechas do destino nos firam.
A postura do homem central, com as mãos unidas em oração, indica que qualquer pessoa que trilhe o caminho hermético precisa permanecer em estado de interiorização. Essa tendência ao hermetismo expande nosso coração, que abrem suas asas para se aproximarem do Ancião dos Dias, que vemos retratado no topo da gravura, entre às nuvens.
Essa cena nos lembra aquele provérbio espanhol que diz: “A Deus rogando e com o malho dando.”
Acrescento agora algumas frases para reflexão:
“Tenha esperança naquilo que deseja e com isso, suporte o que quer que aconteça.”
Quevedo
“A esperança é o único bem comum a todos os homens: aqueles que perderam tudo ainda a possuem.”
Tales de Mileto
“A esperança sempre nasce com o amor.”
Cervantes
“A esperança é o sonho do homem desperto.”
Aristóteles
“Não neguemos nada, não afirmemos nada, esperemos.”
Schopenhauer
“A esperança tem tanto mérito quanto paciência.”
Lope de Vega
EX AEQUO ET BONO.
─”De maneira justa e boa.”─
KWEN KHAN KHU
